sexta-feira, 8 de março de 2024

Enquanto você espera

 


Enquanto você espera, inúmeras coisas estão acontecendo ao seu redor, mesmo que você não as veja, elas estão acontecendo, como a terra que gira ao redor do sol, como as horas passam, como o dia nasce e a noite que chega. 

Enquanto você espera, a fila anda, o vento passa, a chuva vem, a criança corre, alguém nasce e alguém morre.

Enquanto você espera, os pensamentos se multiplicam, a incerteza bate na porta, o medo se aproxima, as comemorações chegam e dali a pouco tudo se foi.

Enquanto você espera, um novo ciclo chega, outra estação se vai, o frio, o calor, o riso e o choro acompanha você, a alegria e a tristeza caminham ali lado a lado, para qual delas você quer dar a mão? 

Enquanto você espera, Deus está trabalhando, parece que está demorando, queria logo, olha meu desespero Senhor.

Enquanto você espera o mar se acalmar, tudo parece que vai afundar, você não vê saída e nem solução, seus olhos estão amedrontados com a forte tempestade que o melhor a fazer é esperar o navio naufragar.

Enquanto você espera a forte turbulência passar, você não quer avançar. O medo te paralisou, e a incerteza se irá conseguir pousar em terra firme é maior que a sua fé.

Enquanto você espera, tantas coisas podem estar para nascer, mas você se recusa a plantar a semente, você à segura com toda a sua força, a ponto de quase esmagar a semente.

Enquanto você espera, por respostas, muitas delas até chegou em você, mas não foi do seu jeito, então você as ignorou.

Enquanto você espera por atitudes das pessoas, você deixa de ver o melhor que elas tem a lhe oferecer, porque não é do seu jeito.

Enquanto você espera que tudo seja do seu agrado, perde oportunidades únicas de ser uma pessoa melhor e de enxergar as coisas de um jeito melhor. 

Enquanto você espera, o café esfria, a vida passa e você o que de bom fez? Para ser lembrado na sua morte, que legado você gostaria de deixar para os que aqui ficam? 

Enquanto você espera, o mundo continua o seu curso, nada vai parar, mesmo que você não esteja mais nele, tudo vai continuar, as pessoas continuaram a fazer suas coisas, a irem e virem, então não espere pelos outros, faça por você.

Enquanto você espera, Deus está agindo, da maneira Dele, não dá sua. Ele sabe o que é melhor para você, mesmo que você tenha que ficar sentando esperando. Por um breve ou longo tempo, eu não sei...

Enquanto você espera por uma boa notícia, para tomar uma decisão, para pensar eu seguir ou desistir, nada vai deixar de acontecer, pois o tempo não é nosso, então não se prenda nas esperas da vida, mas creia e confie que nada será mais ou menos em sua vida, tudo será atribuído conforme o desejo do Pai.

Enquanto você espera, leia um bom livro, assista um filme, seja um bom ouvinte, ame, sorria, medite, ore, durma....

Enquanto você espera aprenda a respeitar o momento, sinta a brisa, feche os olhos e respire bem fundo, encha os pulmões de ar e solte bem devagar.


Então enquanto você espera seja grato por tudo... e jamais deixe de sonhar, mesmo que tenha que esperar.




Fique com Deus e até a próxima.



Adriana Faria


sexta-feira, 1 de março de 2024

Entrevista com o Rev. Wagner de Sousa



E abrindo o mês de Março/24, o convidado da vez é o nosso querido Reverendo Wagner de Sousa, superintendente do distrito São Paulo da Igreja do Nazareno, da qual eu também faço parte como membro da Igreja do Nazareno Monte Calvário na cidade de Paulínia. Hoje serve na Igreja cuidando de 32 cidades da Região Metropolitana de Campinas, com 79 igrejas e entre 190 pastores e pastoras sob sua supervisão e cuidados, além dessa importante função, ele atua como Terapeuta (Psicanalista Clínico) na cidade de Paulínia e região.


1 - Conte-nos um pouco quem é Wagner de Sousa?

R: Eu sou natural de São Paulo – SP e vivi por 18 anos na Zona Leste, no bairro da Vila Prudente. Católico de nascença, por tradição familiar, estudei no colégio da igreja em que frequentava até o ensino fundamental. Aos 18 anos, a minha família resolveu se mudar para Barão Geraldo – Campinas. E foi nesta época em que me converti à Jesus e conheci a minha esposa, Ângela. Começamos a namorar em agosto de 1986 e nos casamos em julho de 1990. Após o casamento, a nossa primeira casa foi um quarto para casais do Seminário Teológico Nazareno do Brasil, onde ficamos como alunos internos até 1992. Neste ano nos mudamos para Paulínia, onde já havíamos começado a plantação da igreja um ano antes.

Tenho um temperamento que flutua entre sanguíneo e fleumático. Os meus talentos naturais são música, liderança e administração.


2 - Como aconteceu o seu chamado ministerial?

R: Eu me converti em um pequeno grupo que se reunia sob a liderança de um presbítero da Assembleia de Deus, em 1985. Esse movimento celular começou a crescer e fui “ungido”, depois de um ano de convertido como pastor de Jovens. Ao longo do tempo, os grupos cresceram e se multiplicaram. Em 1986, dois meses antes de começar o namoro com a minha esposa, fui colocado como pastor de um dos grupos. Os grupos se tornaram independentes. O nosso resolveu caminhar para ser uma igreja. Montamos um estatuto e CNPJ. Era 1989. Neste ano, decidi buscar conhecimento Teológico e me matriculei no STNB. No início de 1990, o Pr. Geovane Amorin, titular da Igreja do Nazareno de Barão Geraldo, propôs a fusão das duas igrejas. Éramos 40 membros em cada uma delas. O meu grupo tornou-se Nazareno desde então. Eu passei a ser Pastor Auxiliar do Pr. Geovane. No ano seguinte, a igreja de Barão Geraldo nos enviou para plantarmos a igreja em Paulínia.


3 - Quais desafios você enfrenta em ser superintendente de 32 cidades e cuidar de tantas igrejas e pastores? Como conciliar e dar atenção a todos eles?

R: Assim que assumi a Superintendência, em 2014, estabeleci um conjunto de regras e condutas. Dentre elas, estabeleci que o Distrito não deveria ter congregações vinculadas. Todas as congregações precisariam estar ligadas a uma igreja-mãe. Aos poucos fui acomodando as únicas quatro congregações ligadas ao Distrito. Hoje não temos nenhuma nestas condições. Outra ação importante é de que eu ficaria responsável para cuidar dos pastores titulares das igrejas. Hoje somos 52 Igrejas Organizadas e 27 congregações. Se algum pastor auxiliar ou qualquer congregação quiser acessar o Superintendente, precisa ser via pastor titular. Eu cuido dos titulares, e os titulares dos auxiliares e congregações. Na medida que existam necessidades, estou sempre à disposição dos pastores titulares.


4 - O que te motivou a escrever o livro "Maná para pastores"?  Podemos esperar outros volumes?

R: Foi por necessidade. Eu comecei a procurar nas livrarias, devocionais específicos para pastores. Para minha surpresa não achei. Todos os devocionais eram direcionados aos crentes em geral. Comecei então, uma jornada de estudos no evangelho de João, separando versículos bíblicos que continham algum ensinamento sobre o ministério de Jesus, o nosso maior modelo de pastor. Consegui separar 340 versículos. Comecei, há dois anos, escrever devocionais específicos para pastores e enviá-los, todas as segundas-feiras, para os pastores titulares. Quando completei 53 devocionais, enviei para a editora para diagramação e lancei o primeiro volume. E sim. Pode esperar outros. Provavelmente mais 6 volumes. Quando completar 366 devocionais, lançarei a coletânea em um livro apenas. Já estou estudando as Cartas Pastorais para compor o restante de textos necessários.


5 - Achei muito interessante algo que li em seu livro: Mas e daí? E daí se as nossas ações forem questionadas? E daí se as nossas decisões ministeriais forem questionadas?.... Você acredita que muitos ainda vivem em função disso? Do que vão pensar de mim, do que vão falar e com isso vivem amedrontados com a perspectivas do que pensam e falam as outras pessoas?

R: Sim. Este é o pensamento de alguém curado pela terapia. Eu carreguei esta necessidade por mais de 40 anos. Precisava agradar todas as pessoas. Não dizia “não” para ninguém. Ficava triste quando alguém questionava algumas das minhas decisões ou atitudes. Esta carência me levava a ter comportamentos dissimulados e mentir, para ficar bem com todos. Adoeci. Eu tenho dito aos pastores hoje em dia: “Se vocês querem uma receita para morrer cedo é está ‘tente agradar todo mundo’”. Quando comecei a estudar o ministério de Jesus, percebi que o que as pessoas falavam ou pensavam a respeito dEle não mudou quem Ele é. Isso não quer dizer que posso agir sem responsabilidade. Só me dá o direito de ser quem eu sou. Sem máscaras. Se você não gostar das minhas opiniões ou decisões, isso deixa de ser um problema meu e passa a ser seu. Se isso fizer mal para você, procure terapia. (Sei que ninguém está vendo, mas desculpem os risos do escritor).


6 - E a psicanálise como entrou na sua vida?

R: Por necessidade. Depois fui descobrir que Freud escreveu que quem procura a Psicanálise é porque precisa dela. Eu desenvolvi uma depressão oculta, que evolui para crises de ansiedade e início de síndrome do pânico. Quando a crise chegava eu tinha a impressão de que ia ter um AVC ou um infarto. Elas começaram uma vez a cada dois meses e os espaços entre uma e outra começaram a diminuir, ao ponto de sentí-las duas vezes por semana. Com todos os meus tabus a respeito de qualquer tipo de terapia e me arrepio só de falar em remédio de tarja preta, conversei com um amigo pastor a respeito. Por jesuscidência, ela havia passado pelo mesmo quadro e me orientou a procurar um Psiquiatra. A primeira vez que fui à consulta, fiquei uns 15 minutos dentro do carro, olhando as pessoas que entravam e saiam da clínica e orando para que não tivesse nenhum crente na recepção que me conhecesse. Tomei remédios controlados e as minhas emoções se equilibraram. O médico me disse que só o remédio não bastaria, eu precisava fazer terapia e me indicou que procurasse um Psicanalista. Foi outra grande barreira a transpor. Enfim. Procurei um Psicanalista, e consegui descobrir a causa do meu trauma. Fiquei tão encantado com o processo, que procurei uma pós-graduação em Psicanálise. Em 2015 me matriculei e em 2018 já estava atendendo.


7 - As pessoas ainda tem certos "tabus" com relação a procurar ajuda fora do gabinete pastoral, como você lida com essa questão? E como trazer essa pessoa para perto?

R: Eu tenho colocado como a minha segunda missão, a de quebrar os tabus implantados em nossa mente quanto a remédios e psicoterapias. Os nossos preconceitos não vêm da Bíblia. Principalmente a minha geração, que viveu a implantação da “Teologia da Prosperidade” no Brasil, foi bombardeada com princípios doentios. Depressão ou era frescura, pecado ou endemoninhamento. Procurar médico era falta de fé. Os pastores tinham autoridade para orar e interromper qualquer tipo de tratamento médico. Se você orasse, ou alguém orasse por você e não era curado, a culpa era a sua falta de fé. Misericórdia! Quanta gente adoeceu ainda mais! Infelizmente, pensamentos como estes ainda permeiam pelas mentes de alguns pastores e crentes. A melhor forma de quebrar paradigmas é a informação. Quanto mais conhecimento tivermos dos processos mentais, mais eficazes seremos no auxílio aos que ainda penam de forma diferente.


8 - Como a prática da Hipnose tem sido vista entre os cristãos? Você tem enfrentado resistência das pessoas que entendem essa ferramenta como algo sendo místico? 

R: Na verdade eu sempre digo às pessoas que tenho sofrido muito Bullying. Brincadeiras à parte, as pessoas que me conhecem sentem-se seguras, porque sabem que eu não me associaria a qualquer tipo de técnica que contrapusesse a minha fé e o meu relacionamento com Deus. Existem registros da prática da hipnose, nos mais remotos períodos da humanidade. Pelo fato de ser algo percebido desde sempre e não se ter o conhecimento do que era e de como controlar, sempre foi associado ao misticismo. Na igreja ao demônio. Aliás, o demônio tem levado a culpa de todas as coisas que os crentes desconhecem ou que não tem comprovação Bíblica. Não estou dizendo que ele não mereça. Quem mandou se rebelar contra Deus, não é verdade? A hipnose só começou a ser esclarecida há 50 anos atrás, quando os aparelhos que medem as atividades elétricas no cérebro começaram a ser usados para entender o fenômeno. Com o avanço das Neurociências, descobriu-se que se trata de um estado natural da mente humana. Deus já nos criou assim. A hipnoterapia é a área terapêutica mais recente (e penso que será a do futuro), pois desenvolveu técnicas para ajudar a pessoa a relaxar e acessar o seu subconsciente para rever as memórias traumáticas, desconstruir padrões cerebrais e resolver os transtornos emocionais. Não existe qualquer poder no hipnoterapeuta. Toda hipnose é uma auto hipnose. O profissional entende como o cérebro funciona e ajuda o cliente a resolver os seus traumas. Ele funciona como o Waze, dando apenas sugestões. Não existe hipnose inconsciente. Toda hipnose precisa que o cliente esteja relaxado e consciente para interagir com o terapeuta.


9 - Quando é aconselhável sair do gabinete pastoral e procurar ajuda de um profissional? Como e de que forma o pastor ou o conselheiro pastoral pode indicar essa ajuda a um membro da igreja?

R: Todo pastor precisa ter este discernimento. O aconselhamento é noutético e objetivo. Tem a premissa de trazer à consciência pressupostos bíblicos a serem aprendidos e vividos para tratar as questões em pauta. A terapia do subconsciente é subjetiva. Tem como objetivo tratar as demandas e gatilhos emocionais que levam pessoas a tomarem atitudes impulsionadas pelos seus traumas. O Conselheiro deve traçar a linha que divide as duas abordagens. Quando se esgotam as tentativas de uma mudança consciente, o pastor deve indicar um terapeuta cristão que detenha o conhecimento necessário para ajudar com questões relacionadas à subjetividade humana.


10 - E a Neurociência como entrou na sua vida? 

R: Por conta da Hipnose. Eu fiz uma especialização em Hipnose Clínica Clássica, em São Paulo. O conhecimento das técnicas e protocolos apresentados, foram suficientes para a minha habilitação em Hipnoterapia. Na época, comecei a “testar” nos meus pacientes da Psicanálise, com autorização deles. E os resultados foram surpreendentes. Pacientes que já estavam comigo por um longo período, conseguiram tratar as suas demandas. Eu sabia como fazer, mas não sabia quais áreas do cérebro estava acionando nos protocolos. A pós-graduação em Neurociência e física do Consciente foi um divisor de águas. Estudando o cérebro e a mente humana, o conhecimento adquirido no curso e na clínica foram refinados. Tudo passou a fazer mais sentido. Ampliei alguns protocolos. Criei outros. Os testei em vários clientes e os resultados foram excepcionais. Decidi passar este conhecimento e em parceria com a minha irmã, criamos o ICHDM (Instituto Cristão de Hipnose e Desenvolvimento da Mente). Já formamos a nossa primeira turma de Hipnoterapeutas. A experiência tem sido fantástica.


11 -  Como conciliar: ministério, trabalho e vida familiar?

R: Eu dou graças a Deus por ter tido excelentes mentores. O meu conselheiro foi o Dr. Rev. Elton Wood, Reitor do Seminário. Ele me acolheu de uma forma tão intensa, que nos tornamos amigos. Desde o início ele me orientou a separar dias na semana para dar tempo de qualidade à família. Eu trabalhava no Banco Nacional (1990 a 1998). Na igreja em Paulínia tínhamos um culto na semana nas casas e uma reunião no domingo. Das 17 às 18h30, Escola Bíblica e das 19h às 21h. Culto de adoração.

Desde então tenho sempre tomado este cuidado. Hoje, com os meus dois filhos casados, eu e me minha esposa reservamos as quartas-feiras para passearmos, almoçar fora etc.







Livro: Maná para pastores





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Wagner Sousa - Psicanalista Clínico

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Contato: 19 99839-2502

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Deus abençoe, fiquem com Deus e até a próxima.



Adriana Faria

Por que estamos tão sem tempo?

Vivemos em uma geração marcada pela correria. Os dias parecem curtos demais para as tarefas, e a frase “estou sem tempo” se tornou um bordão...